Livros e cinema são dois universos onde podemos analisar estrutura da narrativa e de personagens, mas os videojogos também têm um papel importante e são muitas vezes descreditados comparativamente aos outros dois meios. Hoje em dia os videojogos são bastante complexos e têm personagens que são tão boas; e é por isso que vou manter um espaço dedicado a isso no blogue, já que também me inspiram e são um dos meus guilty pleasures.
De lobo solitário a online
Ainda que eu costumasse jogar maioritariamente no computador, o meu irmão e eu tivemos praticamente todas as consolas da Nintendo desde a era do Game Boy, por isso tivemos de comprar também a Nintendo Switch. Comprámos um conjunto que trazia o código de descarga do Splatoon 2, ainda que nem quiséssemos realmente esse jogo. Além disso estava em promoção e era mais barata do que comprar só a consola, então optámos por essa.
Dois anos depois, e apesar de termos uma bela coleção, o único jogo que não comprei acabou por ser o meu preferido e o que mais joguei (800 horas!). Acho que nunca jogaria Splatoon 2 se não viesse com a consola. Shooters não eram muito a minha cena, muito menos um jogo que me forçasse a jogar online, uma vez que não aprecio muito jogos multijogador. Sempre me inclinei para jogos tipo os velhinhos DOS, os Sims, Fallout. Vocês sabem, jogos de lobo solitário. Da mesma forma que eu não preciso de interagir com outros humanos enquanto leio livros (ou achava eu, já que me juntei a um clube de leitura e tem sido bastante instrutivo.), também achava que não precisava deles a jogar. Contudo, acabei por gostar e rapidamente me tornei fã de Splatoon 2.
Personagens
As anfitriãs Marina e Pealr são personagens inteligentes e carismáticas que anunciam os palcos, proporcionando-nos a dinâmica de melhores amigas que se picam, atribuindo aquele ambiente familiar ao jogo. Não é possível passar os seus anúncios à frente; ainda assim, sinto que nunca repararia o quão engraçadas elas são (e cruciais para o universo do jogo) se pudesse passá-las á frente. Além disso, há vários mapas/palcos que mudam a cada duas horas, então sabemos sempre o que está a dar.
Mecânica de Jogos
O Splatoon 2 tem vários modos, mas todos têm um ponto em comum: pintar. Foca-se em batalhas entre Inklings (criaturinhas metade humanas, metade lula) ou Octolings (o mesmo, mas metade polvo, se comprarem a expansão) que atiram tinta uns aos outros com as melhores armas e roupas.
Estas criaturas caminham como humanos e transformam-se em lulas para nadar na tinta ( e não na água).
Single Player
É um bom jogo estilo plataforma cuja missão é atravessar uma série de niveis, derrotar criaturas do mal e bosses e salvar a anfitriã do jogo anterior. É bom para quenado não se pode jogar os modos online, mas não é tão divertido.
Turf wars
Ficamos em batalhas de tinta com equipas 4×4 e o objetivo é pintar o palco com a equipa da tua cor (e acertar na equipa inimiga) para ganhar. Cada jogo dura 3 minutos e tudo pode acontecer. Num momento uma equipa está prestes a ganhar e no segundo seguinte a equipa adversáriadá a volta ao jogo.
Começamos com apenas uma arma (mais sub-armas)
You start off with a single weapon (plus sub-weapons) e acessórios em à medida que progredimos, subimos de nível e ganhamos dinheiro para investir em novas armas e acessórios nas lojas. Não, não é dinheiro a sério.
Ranked/League
Ao chegar ao nível 13 em Turf Wars, desbloqueia-se o modo Ranked. Neste modo, que muda com os mapas, podemos encontrar 4 submodos de 4×4: Rainmaker (recolher uma arma e levar para a base adversária), Tower Control (levar a torre para base adversária), Splatzones (pintar e manter pintada uma área no centro do mapa até acabar o tempo) e por fim, Clam Blitz (apanhar conchinhas e atirar para o cesto na base adversária). O modo Ranked emparelha-nos com jogadores do mesmo nível, enquanto que League formamos a equipa com amigos. Cada jogo dura 5 minutos.
Salmon Run
Neste modo PvE online, uma equipa de 4 é contratada pelo misterioso Mr.Grizz, tem de encher o cesto com ovos de ouro, enquanto salmões e outros bosses lhes tornam a vida num inferno durante três ondas, particularmente difíceis em ranks mais altos. Este modo não está sempre disponível, mas podemos ver quando está aberto. De cada vez que está, há uma seleção de armas atribuídas aleatoriamente em cada turno. É das melhores maneiras de fazer dinheiro no jogo. Ganham-se roupas ou acessórios exclusivos do Salmon Run todos meses.
Pack de Expansão
A Nintendo lançou a expansão um ano depois. Não é essencial, mas é um bom acrescento, pois possibilita jogar com outra espécie, os Octolings. Traz também outro modo single player com jogos mais curtos e irritantes. São mais estilo desafios e seriamente imersivos ( já referi que eram irritantes? ).
Dinâmica Social
Foi mais do que um jogo para mim. Rendi-me a um jogo online pela primeira vez e até fiz amigos, ainda que a comunicação no jogo seja limitada, já que há imensas crianças a jogar também.
É muito mais fácil conhecer outros jogadores fazendo parte de um fórum ou de uma comunidade. Neste jogo há apenas duas opções de sinalização: booyah! ou this way! (ou ouch!, se forem splatted). Após dois anos foi muito bom ver a comunidade que construímos, maioritariamente graças ao meu irmão Andslg, que começou a streamar Splatoon 2 no Twitch há quase dois anos. A Xeno (EUA) foi a primeira visitante regular e logo a seguir, o K1ll3r (EUA) e outros streamers juntaram-se a nós.
Gosto de chatear os jogadores que me matam demasiadas vezes. Acho que isto aconteceu quando joguei com duas inkling simpáticas que não paravam de me matar, as fundadoras do clã Happy. Jogámos juntas durantes alguns meses até um dia a Blah me adicionar a uma batalha privada onde pintou no chão com uma das armas o endereço de Twitter. Não consegui perceber nada do que ela escreveu, afinal ela estava a escrever com uma sniper. Então mudei o meu nickname para o endereço de Twitter e ela acabou por me encontrar. Foi assim que conheci oficialmente a Blah (Alemanha) e a Daiz (Reino Unido). O Splatoon foi o começo de uma comunidade fantástica!
Splatfest
O Splatfest era um evento mensal com questões de dicotomias existenciais transformadas em batalhas de tinta e que foi, ao fim de dois anos de o Splatoon 2 ter saído, terminado. Bastava escolher uma equipa e lutar por ela em Turf Wars, com amigos ou sozinho. A equipa que ganhasse pelo menos dois de três parâmetros (popularidade, Normal e Pro) ganhava. É importante realçar a importância destes debates, tais como Mayonnaise vs Ketchup, O que apareceu primeiro: O ovo ou a galinha?, Caos vs Ordem e Papel Higiénico: Rolo para a frente ou para trás?.
Apesar de os Splatfests terem terminado, ainda volto de vez em quando ao jogo e a comunidade mantém-se. Se derem uma olhadela no Twitch, é possível que me encontrem a streamar Splatoon 2! 🙂
Marti Silvestre
Escritora
Gamer, INFJ, Cat Lover
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